13 de nov. de 2010

"O Avô de Maria"

Todos os dias, Maria sai pela manha seguindo pela rua de terra batida com sua poeira vermelha, caminha, caminha, com seus passos de menina, levando consigo um caldeirão pequenino, contendo o alimento para o almoço de seu Avô. Maria vai brincando com as flores, as folhas, catando gravetinho, arrastando seus pequenos pés descalços pela terra. Ela vai sentindo a força do sol, respira, sonha. Sonha? Será que Sonha?! Deve sonhar, sonho de menina inocente, sem malícia. E Maria continua sua caminhada, até chegar a uma roça, embrenha-se mata adentro a procura do ranchinho beira-chão, coberto de sape. Lá dentro tem um banco feito do tronco de uma árvore, uma mesa igualmente de tronco, Maria chega, coloca o objeto precioso, o alimento de seu avô. Aguarda pacientemente sentadinha e balançando seus pés sujos, vermelho de poeira. Não demora muito, ela sorri, acabou de chegar seu Avô para a bóia quentinha. Ele desamarra o pano de prato branco que envolvia o caldeirão e começa a se alimentar. Maria fica ali extasiada em silêncio, observando seu avô comer, que comia com dificuldade, pois, com 81 anos de idade, não tinha mais seus dentes. O sentimento de Maria por ele sempre foi imenso, muito mais do que aquele que dedicava a seu próprio Pai. Seu avô com todo o carinho e cuidado, sempre deixava um pouquinho, um cantinho da comida para ela. Maria já tinha almoçado antes, mas aquela atitude era uma atitude de amor, tenho certeza que até hoje Maria chora ao lembrar-se de seu avô. Enquanto ela come, seu avô mistura a farinha de milho em flocos com um pouco de água e açúcar, esta é a sobremesa. Após, amarra tudo direitinho e entrega para Maria, poder retornar para casa. Ele já idoso, mas ainda um homem forte continua trabalhando na roça até o entardecer. Maria fica esperando seu retorno, olhando pela janela. Eis que finalmente surge a figura mágica, que ilumina o sorriso de Maria, que sai correndo indo ao seu encontro, para ajudar com a enxada. Ele a recebe com um sorriso, segura sua mão e segue até a modesta casa de madeira, seu verdadeiro Lar, pois para Maria ele representa o verdadeiro amor. Maria conheceu a ternura, carinho, do grande homem de sua vida, seu Avô Raimundo.
Bel Talarico

4 comentários:

Noemi Szcypula disse...

Parece sua essa história!! ou não?

Bel Talarico disse...

Estou escrevendo as histórias, quero participar de um concurso de uma editora aí de São Paulo. Como não sei inventar!

Noemi Szcypula disse...

Será que me emocionei ao ler novamente? Por causa dpPortugues correto? Não fiquei emopcionada messmo e visualizando a cena.

Talarico disse...

Muito bonito mamãe!